Definir o nome de uma marca é muito difícil. Mas como a cultura indígena pode nos fazer pensar sobre isso?
Não conheço a cultura indígena norte-americana além do que se pode observar no cinema e na TV. A partir daí, descobri que eles podem receber outro nome na adolescência e mudá-lo novamente na vida adulta.
Os indígenas dizem que algumas pessoas são como lagos, que pouco mudam ao longo do tempo. Outras, porém, são como rios: podem ser pequenas na nascente e crescer e mudar ao longo da sua trajetória. Isso mostra quão rico é o senso de identidade destes povos.
Na nossa cultura, ninguém escolhe o próprio nome. Os pais denominam os filhos no seu nascimento e, na maioria das vezes, não seguem critério algum. Uma homenagem ao avô, um nome que soa bem e acredito que na maioria das vezes os pais acabam por escolher para os filhos o nome que eles próprios gostariam de ter, só porque lembra alguém ou soa bem. Talvez daí venha a dificuldade que temos para dar nome à uma marca.
Eu fico imaginando que os índios americanos não teriam dificuldades para nomear suas marcas se eles fossem capitalizados. Ao utilizar nomes interessantes como Touro Sentado, Nuvem Vermelha e Cavalo Louco, eles estão transmitindo conceitos bastante autênticos e fazendo naming como poucos cara-pálidas conseguem fazer. Seus nomes têm profundidade, têm um significado relevante e intimamente ligado ao nomeado e, o mais importante, contam histórias. É assim que todo nome deveria ser. E se você não pode dar significado ao seu próprio nome, certamente pode fazê-lo com o nome da sua marca.
Observe que não se trata apenas de ter um nome descritivo. Um nome óbvio encerra o diálogo, enquanto um nome sedutor provoca e expande os diálogos.
O seu nome é a sua marca
Se o velho Barriga de Urso for questionado do porquê ele se chamar assim, certamente aprisionará a atenção da sua audiência com o relato de como matou sozinho 3 ursos, abatendo os 2 primeiros com um só tiro e carrega a pele do terceiro consigo, incorporando essa experiência na sua identidade.
Quando alguém te perguntar porque sua empresa tem o nome que tem, você responde o quê? Por quanto tempo você consegue prender a atenção do curioso? Como essa história torna a marca mais interessante? Quão fácil se torna lembrar o nome da sua empresa depois dessa conversa?
Não estou dizendo aqui que criar um nome profundo e significativo para sua empresa seja fácil (a não ser que você seja um índio). O que eu quero é promover uma reflexão sobre a função da sua marca, inspirar você a buscar na sua identidade, na história da criação da empresa ou na sua visão de futuro, uma história ou ideia que resulte num nome único, que só poderia ser usado para representar a sua marca e nenhuma outra. Seria ótimo também se esse texto fizesse você me perguntar porque minha agência chama Monolito. Renderia uma boa conversa.